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TRAGÉDIA MARIANA | A criminosa lama da Samarco chega no Espírito Santo

A onda de lama e rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, em Mariana (MG), chegou ao município de Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, por volta das 17h desta segunda-feira (16), segundo o o Serviço Geológico do Brasil.

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 01:00

O rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Samarco aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas Gerais. A lama também deve afetar os municípios de Colatina e Linhares.

Segundo o prefeito Neto Barros, a lama já chegou a região central de Baixo Guandu e é acompanhada de perto por moradores e servidores responsáveis por monitorar a situação. "Deve ter umas 2 mil pessoas na ponte, os moradores de Baixo Guandu têm uma história com o Rio Doce e está todo mundo muito triste com esse crime ambiental, com a morte do rio", disse.

Nesta manhã, a prefeitura já havia suspendido o abastecimento pelo Rio Doce e começou a usar a água do Rio Guandu para atender a população da sede do município. No bairro Mascarenhas, que é mais afastado, a prefeitura planeja usar carros-pipa.

"Há cerca de cinco dias nós estávamos limpando um canal para levar água do Rio Guandu até a estação de bombeamento. Agora todo mundo vai ter que aprender a conviver com essa situação, de não depender mais do Rio Doce. Nós não temos mais interesse em captar água dele", falou o prefeito.

No município de Baixo Guandu também houve um trabalho de recolhimento de espécies animais que vivem no Rio Doce, antes que a lama chegasse, assim como foi feito em Colatina. Eles foram transferidos para o Rio Guandu e lagoas da região. "Salvamos o que deu para salvar", completou Neto Barros.

O diretor responsável do o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Luciano Magalhães, foi categórico e afirmou que a água do rio Doce “Não serve mais para nada, nem para irrigação e nem para os animais, muito menos para consumo humano. O cenário é o pior possível. O Rio Doce acabou. Parece que jogaram a tabela periódica inteira. Nossa medida agora é buscar alternativas para captação de água. Já estamos fazendo um canal de desvio do Rio Guandu até a estação elevatória do SAAE”.

Especialistas ambientais se pronunciaram categoricamente sobre o impacto da passagem dos rejeitos (fluido residual após lavagem do minério) sobre o Rio Doce, que pode ter inviabilizada a pesca em seu leito.

Segundo Marcus Vinícios Polignano, coordenador ambiental do Projeto Manuelzão na Universidade Federal de Minas Gerais, os danos ambientais em consequência do rompimento da barragens de rejeitos na localidade de Bento Rodrigues, em Mariana, serão permanentes e vão acabar com a pesca em parte dos rios Guaxalo do Norte e Rio do Carmo, que desaguam no Rio Doce.

"Esse material é inerte, e nele não nasce praticamente nada. Ele recobre o leito e as reentrâncias e pedras do fundo do rio, mudando radicalmente todo o ecossistema", destaca.

Outro problema grave é que a lama chegou até a foz do rio, no Espírito Santo. Isso significa que o Rio Doce pode ter consequências em toda a sua extensão. "Essa tragédia chegou a 400 quilômetros do ponto de origem. Levaremos anos para compreender melhor efeito devastador desse acidente, mas seguramente eles serão muito graves", diz Polignano.

A Vale e o governo são responsáveis

Também fica claro que estes problemas sociais atingem principalmente às regiões com trabalhadores mais precarizados, com serviços em condições desumanas nas minas ou vivendo no campo sem nenhuma garantia de que no dia seguinte ainda terão terra para trabalhar, animais para criar ou água para beber (já que a Vale entrega água com querosene àqueles que necessitam, como em Governador Valadares). Insegurança fruto do poder das mineradoras e dos governos que as representam.

Diante dessa catástrofe ambiental, é necessária a prisão dos responsáveis e o confisco dos bens dos poderosos empresários da mineiração, da Samarco, Vale e BHP e a reestatização da Vale sob controle dos trabalhadores e do povo. O confisco dos bens poderia garantir verbas para um plano de emergência que busque minimizar o brutal dano ambiental, com obras públicas garantidas com dinheiro das fortunas dos poderosos e dos bilionários faturamentos das empresas. Controladas pelos moradores, trabalhadores, estudantes e moradores do campo que ali vivem, trabalham, produzem, através de sindicatos e organizações de base de trabalhadores e moradores, que são os que têm o interesse em recuperar e preservar o inestimável valor ambiental e cultural da região.




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