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COLETES AMARELOS | A cólera amarela se espalha pela Europa

Ainda que o movimento dos “coletes amarelos” tenha que se ampliar e se radicalizar na França, sua influência começa a se espalhar para o resto da Europa. Nos Países Baixos, na Bélgica e na Bulgária, a cólera contra os políticos a serviço dos mais ricos se propaga sob a forma de “coletes amarelos”.

sábado 8 de dezembro de 2018 | Edição do dia

A desconfiança e a insatisfação dos trabalhadores e das classes populares, pouco a pouco tratou de associar os partidos tradicionais como agentes dos interesses das classes dominantes, estando esse movimento na base do colapso do bipartidarismo que acomete toda Europa. Esse fenômeno de insatisfação se estende por grandes camadas da sociedade, longe de ser um fenômeno político separado dos outros, abriu o caminho para a polarização política, especialmente com a ascensão de partidos populistas e de extrema direita. Nessa tendência, a insurreição dos coletes amarelos é, de certa maneira, uma exceção, colocando no centro do tabuleiro a questão social e da mobilização em massa. Recusando-se a “decidir por um certo número de anos qual membro da classe dominante esmagará o povo no parlamento”, como disse Lênin, o povo encontra outras vias políticas para resolver seus problemas: bloqueios pelo país, manifestações massivas e enfrentar a polícia - “a coluna vertebral” garantidora dos interesses da classe dominante – exigem a dissolução do Senado, questionam a Quinta República e etc…

Se a erupção espontânea das massas sobre a cena política tomou uma forma muita mais massiva na França, a propagação do fenômeno dos “coletes amarelos” para o restante da Europa não é uma simples cópia, mas o sinal que as bases que mobilizaram os “coletes amarelos”, a oposição aos políticos a serviço da classe dominante não é uma fato pontual e limitado a França, mas um fenômeno geral que supera fronteiras.

Por várias capitais europeias - Bruxelas, Amsterdam e Sofia - “a raiva amarela” comece a se espalhar tanto na forma dos coletes amarelos quanto na forma de reivindicações e métodos de ações próprios desse movimento.

Na sexta-feira passada, mais de 300 “coletes amarelos se manifestaram na Bélgica contra a ‘carnificina social” e pela renúncia do primeiro-ministro Charles Michel. Como na França, o chamado para protestar foi lançado via redes sociais. Ao cantar “o povo somos nós, Charles Michel você acabou” manifestantes que se dirigiam para as instituições europeias em Bruxelas, onde eram reprimidos por canhões sob o pretexto preferido pelos governos e policiais: os vândalos. Da mesma forma, desde 16 de novembro, muitos bloqueios de estradas e distribuidoras de combustíveis foram organizados em todo o país, o que acabou causando escassez de combustível em vários postos de serviços. No lado holandês, sábado passado, centenas de coletes amarelos apareceram em frente ao parlamento em Haia contra o custo de vida e a dificuldade de se chegar ao fim do mês. Ao mesmo tempo, um grupo de cerca de cinquenta “coletes amarelos bloqueou a auto-estrada A2. Mesmo que a mobilização ainda seja inicial, está começando a crescer, como podemos ver pelo crescimento do número de membros na página do facebook: semana passada eram 2 mil, nessa semana já estavam em 12 mil.

Na Bulgária, o país mais pobre da União Europeia, desde 19 de novembro, milhares de pessoas, muitas delas com coletes amarelos, bloquearam as principais estradas e os postos de fronteira com a Turquia e a Grécia para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis. Desde então, centenas de manifestantes se organizam para bloquear o tráfego na capital do país, Sofia.

Na Alemanha há um movimento em particular: A extrema-direita está tentando capitalizar o frisson generalizado e achou que era uma boa maneira de se vestir com o colete amarelo e concentrar a raiva popular contra os migrantes. Sábado passado, várias organizações de extrema-direita, incluindo o Pegida (partido patriótico de extrema-direita), chamaram protestos no Portão de Brandemburgo contra a medida aprovada pelo Bundestag (parlamento alemão) que aceita o pacto das Nações Unidas “pela migração regular, ordenada e segura”. Como um manifestante disse, é uma questão de “acabar com as políticas inconsequentes que dão todos os direitos aos estrangeiros, enquanto os europeus étnicos são tratados como cidadãos de segunda”.

A manobra da direita é clara, enquanto os trabalhadores e as classes populares se revoltam contra a vida precária que impõe as classes dominantes através da casta política e das instituições do Estado, a extrema-direita procura se estabelecer no movimento desviando a raiva sob os migrantes.




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