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#AGORAÉQUESÃOELAS | A campanha “Agora é que são elas” e a importância das mulheres terem voz na luta contra a opressão

Essa semana começou um novo movimento denominado #Agoraéquesãoelas, uma campanha na qual diversos homens cedem espaços das suas colunas em grandes jornais e portais na internet para que mulheres ativistas feministas possam falar da sua luta. Essa campanha é mais adquire grande repercussão por pautar a importância das mulheres terem voz na sua luta cotidiana contra a opressão.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quinta-feira 5 de novembro de 2015 | 01:32

Estamos em um momento de destacados debates e mobilizações em relação aos direitos das mulheres. As denúncias referentes aos números da violência machista só aumentam e a aprovação do PL 5069 assinado por diversos deputados reacionários e conservadores, entre eles Eduardo Cunha e padre Ton do PT, levou às ruas milhares de mulheres em todo país; lutando contra mais esse ataque, pelo direito ao nosso próprio corpo e sexualidade e ao aborto legal, seguro e gratuito.

Em meio a tudo isso surgiu a campanha #Agoraéquesãoelas cuja ideia é que homens que se solidarizam com a causa das mulheres e querem ser nossos aliados nessa luta cedam seus espaços em grandes meios de comunicação para que algumas mulheres possam ter voz na luta contra a opressão de gênero.

Segundo Manoela Miklos, uma das idealizadoras da campanha a ideia surgiu a partir dessa provocação para que os homens ao invés de falar sobre o machismo cedessem seus espaços pra escutar o que as mulheres tem a dizer e “Dessa provocação surgiu, com a ajuda de muitxs e bons, a iniciativa#‎AgoraÉQueSãoElas: uma semana de mulheres ocupando os espaços masculinos de fala. Homens convidam mulheres para escrever no seu lugar e se colocam nesse lugar do ouvinte. Dando voz e vez a uma mulher. Reconhecendo a urgência da luta feminista por igualdade de gênero e o protagonismo feminino nesta luta.”

A campanha foi adaptada para diversos veículos de comunicação: jornais, blogs, canais de Youtube, perfis. Desde o início da semana diversos homens toparam participar cedendo seus espaços para mulheres, entre eles Gregório Duvivier, Marcelo Freixo, Jean Wyllys, Leonardo Sakamoto, Juca Kfouri e outros. Diversas mulheres publicaram seus textos e pautaram cada uma a seu modo sobre a importância da luta das mulheres e do debate sobre as relações de gênero.

Toda essa campanha surge em meio a um debate sobre uma nova onda feminista. A pauta das mulheres nunca teve tanto destaque na sociedade. Por exemplo, não podemos "embelezar" o ENEM, como querem as governistas, mas o fato de que até aí foram obrigados a debater a violência contra as mulheres mostra a importância desse tema.

É extremamente importante ver tantas mulheres tomando consciência da opressão cotidiana que sofrem, saindo às ruas para lutar contra um PL reacionário e pelo direito ao aborto legal, dizendo que não aceitam mais ser estupradas e violentadas, que querem o direito ao próprio corpo e se organizando pra combater o machismo e a opressão. Contudo encontramos um limite nesses movimentos, porque para arrancar todas essas demandas nós mulheres precisamos nos enfrentar com todos aqueles que hoje são parte da manutenção das estruturas sociais que perpetuam a opressão de gênero. Precisamos nos enfrentar com os reacionários de plantão, com os governos e os patrões.

E é aí que encontramos um claro limite nas direções desses movimentos que falam sobre o empoderamento das mulheres, mas acabam apoiando aquela que hoje é uma das agentes diretas da implementação de uma série de medidas que descontam os custos da crise nas costas dos trabalhadores, sobretudo das mulheres trabalhadoras, a presidente Dilma. É fundamental que cada mulher ao tomar consciência da opressão que vive consiga se fortalecer a ponto de ser sujeito de sua própria vida. Mas vivemos em uma sociedade que se apropria da opressão as mulheres para aumentar cada vez mais a exploração de milhares de pessoas mundo a fora. Então algumas poucas mulheres ‘empoderadas’ não bastam pra acabar com a opressão a milhares de mulheres. Não basta ter mais mulheres no poder e ocupando espaços de falas, hoje temos uma presidente mulher, mas o que vemos é uma série de ataques aos nossos direitos e o aumento da violência de gênero.

Ceder espaço para mulheres falar é bem importante, ter cada vez mais mulheres se colocando enquanto sujeitos políticos e despertando para a luta contra a opressão também. Contudo isso não é suficiente pra acabar com a opressão as mulheres, pois esbarra em um claro limite de até onde vai certos interesses, que estão intimamente relacionados com uma perspectiva de classe. Para acabar com a opressão as mulheres é fundamental ter uma estratégia que nos coloque enquanto sujeitos de nossas próprias vidas.

Com essa perspectiva de que o combate a toda e qualquer forma de opressão está intimamente ligado a destruição desse sistema e que para isso precisamos nos aliar a única classe capaz de acabar com o capitalismo, a classe trabalhadora, que nós do grupo de mulheres Pão e Rosas atuamos. É visando ter uma ferramenta que possa dar voz a milhares de mulheres no Brasil e no mundo que construímos o Esquerda Diário, um portal independente da burguesia que se coloca a serviço das mulheres, negros, lgbt, trabalhadores e juventude para ser parte da construção de uma verdadeira alternativa revolucionária que combata toda forma de opressão e exploração.

Fazemos um convite a todas as mulheres que quiserem ter voz para expressar sua luta a expressar sua voz nesse jornal. Abrimos nossa seção para todas as mulheres que em meio à crise política e econômica que o país vive e o desenvolvimento de um novo “Junho Feminista”, desejarem ser parte da construção de uma terceira via independente do governo e da direita, que defenda o direito das mulheres e de todos os setores oprimidos por esse sistema, a escrever para o Esquerda Diário




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