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Nessa sexta-feira foram cumpridos mandatos de prisão temporária a 4 chefes do consórcio responsável por 2 dos 14 lotes da transposição do Rio São Francisco. Segundo a investigação o consórcio tinha relações com as empresas do doleiro Alberto Youssef, o mesmo que está no centro dos desvios e favorecimentos a políticos na Operação Lava-Jato.

sábado 12 de dezembro de 2015 | 00:00

Na manhã de sexta-feira foram cumpridos mandatos de prisão em 4 estados, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Distrito Federal. Essas prisões são de executivos que representam as empresas OAS, Galvão Engenharia, Coesa e Barbosa Mello, todas já investigadas na Lava-Jato pelos esquemas de favorecimento a políticos e altos funcionários do governo. O alvo agora é uma parte da transposição do Rio São Francisco que essas empresas ficaram responsáveis e podem ter desviado cerca de 200 milhões de reais.

Já foram gastos na transposição do São Francisco cerca de 8,2 bilhões de reais e é uma das vitrines do governo do PT no combate a seca no Nordeste. Desde quando o Brasil era colônia a seca aflige a maioria da população do interior do nordestino enquanto os latifundiários se beneficiaram dela, um exemplo é o próprio livro que dá nome a Operação da Polícia Federal: Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

O Ministério da Integração Nacional, responsável pela obra e alvo das investigações, ao descrever a obra em seu site fala de só 847 famílias beneficiadas com as “Vilas Produtivas Rurais”, tudo isso num projeto de mais de 8 bilhões de reais. Enquanto isso o Nordeste continua crescendo nas exportações de frutas, são mais de 100 milhões de dólares todo ano segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, um valor que continua crescendo. Os mesmos latifundiários que como o Patrão, personagem dono da terra no livro, que se beneficiavam dos trabalhadores agora crescem com a nova agricultura que a transposição traz.

Os beneficiados se ligam aos poderosos

A Operação Lava-Jato mostrou um dos pontos podres da democracia dos ricos, que se mantém através da corrupção e ligações estreitas com os empresários. O doleiro Alberto Youssef foi responsável pela movimentação de bilhões em esquemas da Petrobras e continua sendo investigado em outras relações com o Governo Federal. As relações de corrupção são tão profundas que afetaram inclusive o líder do PT no Senado. Numa democracia como essa, que os ricos se beneficiam da água e mantém seus políticos podres para benefício próprio, só o questionamento ao regime pode dar uma saída para a seca e a corrupção.

É preciso erguer uma luta para os trabalhadores imponham um plano de obras públicas no Nordeste que dê conta da falta de água para cada família e atue para que os 12 milhões de habitantes da região da seca consigam ter condições de saneamento dignas, mas para isso, será preciso um programa que lute pelo fim da influência dos latifundiários, expropriando suas terras sem indenização.

Para isso, os caciques políticos do Nordeste também devem perder seus privilégios, ganhando como uma professora e podendo ser retirados a qualquer momento pelos seus eleitores. O questionamento do regime político que operações como a Lava-Jato e Vidas Secas mostram não podem ser ganhas pela direita, só a força organizada dos milhões de trabalhadores rurais junto com os sindicatos questionando os privilégios dos políticos e a propriedade dos ricos latifundiários na luta por uma verdadeira reforma agrária pode dar uma saída de fundo para o problema da seca. E o instrumento que a classe trabalhadora nordestina do campo e da cidade pode se apoiar para esta luta em meio a crise política atual é aAssembleia Constituinte Livre e Soberana construída por força da mobilização trabalhadores.

FOTO : Imagem de trecho de obra da transposição do São Francisco
Créditos: Cadu Gomes/ Fotos Públicas




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