×

Alemanha | 8M em Berlim e Munique: Dinheiro para a saúde e não para a guerra!

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram pela melhora das condições de trabalho na saúde e contra a guerra na Ucrânia

quarta-feira 9 de março de 2022 | Edição do dia

O 8 de março sempre foi um dia de luta das trabalhadoras, e também um dia de luta contra a guerra. Assim como este 8 de março, marcado pela guerra na Ucrânia. Assim, neste 8 de março, marcado pela guerra na Ucrânia, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas não apenas na Alemanha, mas em todo o mundo, para exigir o fim da guerra e do rearmamento, e ao mesmo tempo, para se manifestar pelo fim da discriminação, da violência patriarcal e da opressão às mulheres. O Klasse Gegen Klasse, portal alemão que integra a rede internacional Esquerda Diário e o grupo de mulheres Pão e Rosas (Brot und Rosen) foram às ruas em Berlim e Munique para lutar por um feminismo classista e anti-imperialista, junto com os trabalhadores da primeira linha da saúde. No mesmo dia, um total de 22 mil trabalhadores dos serviços sociais e educativos de toda a Alemanha fizeram greve para exigir melhores condições de trabalho.

Ao lado do movimento hospitalar de Berlim contra a guerra

Já que o dia de Luta das Mulheres é um feriado em Berlim, já pela manhã mais de 1000 pessoas se concentraram na Praça Rosa Luxemburgo sob o lema “Pensar no cuidado… unificar as lutas, acabar com a sobrecarga de trabalho”. Entre outros, o movimento hospitalar de Berlim, que lutou por um acordo coletivo nas clínicas estatais com uma greve que durou várias semanas no ano passado, convocou esta manifestação. Sua luta foi encabeçada pelas mulheres que são grande parte do pessoal nos hospitais.Na sua assembleia geral no dia 1º de março, o movimento hospitalar de Berlim havia se posicionado contrário aos planos de rearmamento do governo alemão e contra a guerra. Por volta de 50 companheiras do movimento hospitalar participaram na concentração na praça Rosa Luxemburgo e exigiram um maior financiamento para a saúde. Silvia, da aliança Saúde sem lucros destacou na sua intervenção que “a aplicação de convênios coletivos não é algo natural” e que é necessário seguir lutando por isso todos os dias.

Bloco do Pão e Rosas Berlin canta: "Armas alemãs, dinheiro alemão, mata junto em todo o mundo"

Na sua intervenção, Tabea Winter, representante no parlamento estudantil da FU Berlin, mestranda no Serviço Social e militante do Brot und Rosen, expressou sua solidariedade às mulheres e pessoas LGTBI da Ucrânia, que estão sofrendo especialmente com a guerra, assim como sua solidariedade às manifestações contra a guerra na Rússia, e se opôs tanto à invasão russa, quanto aos preparativos de guerra da OTAN. Criticou especialmente o governo “progressista” dos Socialdemocratas, dos Verdes e dos Liberais, que planejam destinar 100 bilhões de euros a fundos especiais para armar as Forças Armadas alemãs, enquanto os trabalhadores dos setores sociais e sanitários são enrolados uma e outra vez com promessas vazias, apesar de dois anos de crise pandêmica, que sobrecarregou muitos trabalhadores.

“O fato de que exista dinheiro para o exército, mas não para a saúde, para a educação, os serviços sociais e para a proteção do clima deve ser a faísca que acenda o fogo em nós. Temos que organizar comitês e reuniões contra a guerra”, destacou Tabea.

Outras organizações como o grupo Arbeiter:innenmacht (GAM), a Sozialistische Organistation Solidarität (SoL), a linksjugend solid ou a Sozialistische Alternative (SAV) também criticaram os planos do governo alemão.

A participação dos Verdes, especificamente Annalena Baerbock como ministra de Relações Exteriores, no novo governo federal, tinha sido celebrada por algumas feministas. No governo de coalizão, o governo prometeu uma política exterior “feminista”. Mas agora são os Verdes os que apoiam o plano de rearmamento sem precedentes. A líder do grupo parlamentar dos verdes, Katharina Dröge, por exemplo, não criticou o rearmamento previsto, mas se limitou a pedir mais reformas estruturais para que o dinheiro não suma. Outros representantes do partido expressaram opiniões similares. Consequentemente, a política exterior feminista para os Verdes parece significar o rearmamento.

Na tarde, o ambiente combativo da concentração se superou, saindo da Praça Leopost, até 11 mil pessoas participaram da manifestação da Aliança de Feministas Internacionalistas. As jovens companheiras do movimento hospitalar de Berlim também estiveram presentes nela. A manifestação foi tão grande que até mesmo o trajeto precisou ser ampliado espontaneamente. Como Pão e Rosas foi formado um forte bloco pelo feminismo classista e anti-imperialista, contra a guerra e o rearmamento e por solidariedade com o movimento operário combativo.

Munique: “Se nós paramos, para o mundo!”

Em Munique, o Dia de Luta das Mulheres esteve marcado não somente pela guerra na Ucrânia, mas também pela greve nos serviços sociais e educativos. Somente em Munique, 600 trabalhadores participaram da greve, convocada pelos sindicatos ver.di e GEW e se uniram a outros muitos simpatizantes na concentração da greve no Königsplatz. Em toda a Baviera, mais de 2.000 trabalhadores deixaram o trabalho e um total de 22.000 em todo o país.

O bloco da greve foi seguido imediatamente pelo bloco de abertura da Aliança 8 de março, do qual o Pão e Rosas e o Klasse Gegen Klasse também são parte, em um bloco junto à SAV e ao grupo feminista Rosa.

Katrin Habenschaden, vice-prefeita de Munique pelo Partido Verde, foi anunciada como uma das participantes que tomariam a palavra. No final, ela ficou de fora do evento, supostamente por questões de agenda. Um pequeno bloco de Verdes também recolheu suas bandeiras logo depois, depois que o bloco de Pão e Rosas e Klasse Gegen Klasse se posicionou claramente contra o belicismo dos Verdes.

Após a manifestação ao Maxvorstadt, com 2.000 participantes, alguns dos manifestantes seguiram a marcha até o Gärtnerplatz. Do caminhão de som, Charlotte e Leonie, enfermeiras obstétricas e membras do sindicato ver.di, falaram pelo Pão e Rosas para expressar sua solidariedade com seus colegas na greve dos serviços essenciais e educativos. Condenaram tanto a invasão do exército russo por ordem de Putin, como as sanções e remessas de armas da União Europeia e da ORAN. Também condenaram o rearmamento de 100 bilhões de euros para as Forças Armadas e apresentaram uma proposta para todas as organizações de esquerda e sindicais: uma campanha contra a guerra e o armamento. 100 bilhões de euros para a saúde e questões sociais em vez da guerra.

Os manifestantes encerraram a noite em um festival feminista.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias