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FRANÇA | 49º Dia: Piquetes de greve em Flandres contra a homofobia e a repressão sindical

Por iniciativa dos grevistas de Flandres, no 49º dia de greve, foram organizados discursos em frente ao tradicional braseiro nos piquetes de greve do terminal de ônibus. Dois dias antes da “jornada negra” de 24 de janeiro e por ocasião do desconto de um fundo de greve do sindicato CGT Infocom, os grevistas organizaram o piquete em torno da resposta à repressão sindical que afeta três grevistas de Vitry e à instrumentalização da luta contra a homofobia.

quinta-feira 23 de janeiro de 2020 | Edição do dia

Crédito da Foto: O Phil des Contrastes

Esses 50 dias de greve foram marcados pelos ataques do governo e das direções da RATP contra as concentrações de grevistas da RATP. Autores de uma greve majoritária de diversas semanas, paralisam os transportes unitariamente na capital francesa e organizam dia após dia trancassos e piquetes de greve em diferentes estações, os trabalhadores da RATP são alvos da polícia, mas também da repressão sindical e patronal.

Os grevistas de Flandres, qie são vítimas da repressão policial todas as manhãs nos piquetes e da repressão sindical contra Ahmed, uma das principais figuras da greve, quiseram organizar um piquete de greve contra a repressão, principalmente contra a que atinge três grevistas da estação de ônibus de Vitry. Estes últimos são ameaçados de punição por seus dirigentes por terem adotado “uma música homofóbica cada vez que um motorista não-grevista” e por “atentarem contra a liberdade de trabalho”.

Os grevistas de Flandres, portanto, convidaram grevistas de outras garagens, figuras públicas, grevistas de Vitry e vários coletivos e ativistas contra a homofobia e a opressão de gênero para comporem seu piquete.

Na concentração, estiveram presentes, ao lado dos grevistas de Flandres e de Vitry, grevistas de Belliard, Pavillon-sous-bois, Aubervilliers, e Pleyel. Também várias personalidades políticas e sindicais responderam ao chamado, como Claude Lévy, da CGT HPE, ou Madjid Messaoudene, eleito no município de Saint-Denis.

Muitas intervenções abordaram a repressão contra os três grevistas de Vitry e a questão da luta contra a homofobia. Tarik, militante do NPA, fez uma bela intervenção. Muito aplaudido, ele retornou aos fatos e ao uso pelos grevistas do insulto “suceur de bite” [Literalmente algo como “chupador de pinto”, mas que tem o sentido de “idiota” ou “babaca”, para os franceses, NdT], sobre o uso de palavras cheias da ideologia dominante e que “às vezes, as palavras dizem aquilo que não queremos expressar”. Como exemplo, dentro da linguagem corrente e dominante, uma palavra aparece frequentemente, é a palavra “Pédé” [bicha, NdT] e que “somos feitos para acreditar que ser uma ‘bicha’, um ‘chupador de pinto’ é ser frágil, é ser o pateta do patrão”. Na realidade, de qualquer maneira, “‘chupador de pinto’ é um insulto que ataca colegas de trabalho que de fato chupam paus e estão no piquete ao seu lado. São palavras que nos dividem, por isso é melhor não usá-las. E quando queremos dizer poodlezinho do patrão, digamos poodlezinho do patrão”. Tarik insistiu sobre o fato de que gays e pessoas LGBTI também compõe a classe trabalhadora, os desempregados, os sem previdência, e estão lutando por seus direitos, como todo mundo.

Tarik, então Patrick, o camarada grevista de Vitry ameaçado de punição, e novamente Philomène do coletivo Pão e Rosas, insistiram os três na hipocrisia da direção que usa como pretexto a homofobia para perseguir os grevistas, e também das personalidades políticas e do governo, que são os primeiros vetores e responsáveis pela homofobia. “Eu digo claramente que o RATP não dá a mínima para combater a homofobia, quer lucrar e que a greve termine (...) Homofobia é um pretexto”. Disse Tarik. Patrick, por sua vez destacou a instrumentalização do caso para “atacar trabalhadores em luta”, em particular por figuras políticas como Valérie Pécresse, que ao mesmo tempo promete “descasar os homossexuais”.

No mesmo sentido, Philomène, militante do Révolution Permanente e do coletivo Pão e Rosas francês, remarcou o sentido de sua presença no piquete e de sua aposta no movimento desde o início. “Estávamos lá com vocês quando enfrentamos a repressão polícial, estávamos em frente às delegacias contra a perseguição e hoje é essencial estar lá contra a repressão patronal, porque é isso o que se passa em Vitry. Eles falam da música de Vegedream mas na realidade o que eles reprovam em vocês é terem impedido a “liberdade de trabalhar”, ou seja, terem feito greve”. Philomène igualmente denunciou a direção da RATP, na figura de Pécresse, porque hoje “esses são dois campos que se chocam”, são os de cima que são os primeiros responsáveis pela homofobia, pela reprodução de uma ideologia sexista e homofóbica, que instrumentalizam para servir aos seus interesses, e os de baixo, que a homofobia divide e enfraquece em meio à luta de classes. Militante contra o capitalismo, o patriarcado e a homofobia, Philomène remarcou que, na perspectiva de uma mudança de sociedade, “quando se deseja realmente lutar contra a homofobia, é ao lado dos grevistas que deve se estar”.




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