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CPI da Covid | 11 crimes de Bolsonaro e 600 mil mortes: por que a CPI não vai apresentar uma saída real?

Nesta semana, a CPI da Covid se inicia com os depoimentos de pais, mães, filhos, amigos, de vítimas do coronavírus. Por mais de um ano, já vimos 600 mil vidas serem ceifadas pela irracionalidade capitalista em meio à pandemia no Brasil. No relatório da CPI, Bolsonaro é acusado de 11 crimes, baseados em seu negacionismo e fake news, enquanto diferentes políticos do regime político batiam boca nas reuniões, sem apresentar uma saída real para o sofrimento da população, e ataques eram aprovados e implementados pelo Congresso e governadores. É urgente uma saída própria dos trabalhadores e do povo pobre para a crise que vivemos no país.

segunda-feira 18 de outubro de 2021 | Edição do dia

Foto: @picture-alliance/AP Images/A. Borges

Na semana retrasada, o Brasil atingiu a cruel marca da irracionalidade capitalista de 600 mil mortes por covid-19. O Brasil possui apenas 3% da população mundial, mas concentra mais de 12% das mortes por covid em todo o mundo. A responsabilidade dessa marca é do governo de Bolsonaro e Mourão e seu ministro Queiroga, assim como Pazuello, Teich e seus antecessores, mas também dos governadores estaduais, chegando a exemplos absurdos como o caso de Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas.

Em meio à crise sanitária, econômica e social que vivemos, com taxas exorbitantes de inflação, desemprego e fome, fila do osso e fila do lixo, Bolsonaro, Mourão e governadores, mantiveram milhões de trabalhadores e o conjunto da população se expondo ao vírus em transportes públicos lotados, sem direito à licença remunerada, sem proibição de demissões, sem garantir um auxílio emergencial que cobrisse os custos de vida da população.

É nesse cenário reacionário, com direito a encaminhamento de aprovação da Reforma Administrativa no Congresso, Marco Temporal no STF, e aprovação e implementação das Reformas da Previdência estaduais, privatização da Eletrobras, que a CPI da Covid inicia as audições de familiares e amigos de vítimas da covid e coloca em discussão entre os senadores da Comissão o relatório final. O relatório, que será lido na quarta (20) e votado na semana que vem, criminaliza Bolsonaro por 11 crimes que todos nós já sabíamos e já vivíamos e vivemos na pele.

Os senadores da CPI denunciam que Bolsonaro defendeu e fez campanha pelo uso de medicamentos para tratamento precoce da covid, que na prática foi uma contrapropaganda ao distanciamento social e ao uso de máscaras; atrasou e superfaturou a compra de vacinas; praticou omissão no monitoramento de insumos no Amazonas; utilizou orçamento público da pandemia em benefício pessoal; promove ódio aos povos originários, e várias outras acusações das quais nós já sabíamos e fomos vítimas. Escândalos foram revelados, como a atuação criminosa de empresas como Prevent Senior, dizendo que “óbito também é alta”. Tudo isso em acordo com o chamado gabinete paralelo.

A CPI desviou e chamou a atenção de todos com um discurso de suposta crítica e oposição, mas na verdade esses senadores estão juntos com Bolsonaro e o conjunto do Congresso correndo para aprovar ataques, privatizações e reformas. Inclusive, Bolsonaro divide com os governadores a criminosa condução da pandemia. Se de seu lado está o negacionismo e as fake news, do lado dos governadores está a não conversão da indústria para a produção de insumos básicos, a não garantia de EPIs e salários dignos para os trabalhadores da saúde, a alta terceirização dos serviços nos hospitais, promovendo trabalho em chave precária, o não confisco dos grandes hotéis para abertura de leitos e de abrigo para todos que precisassem realizar uma quarentena segura e efetiva. Isso sem contar a escassez de testagem, sem testes massivos, para rotear o vírus.

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O jogo feito pela CPI da Covid fez por sua trajetória foi de trazer escândalos à tona e as rixas entre Bolsonaro, militares e Congresso com a ilusão de que fortaleceria a saída do impeachment, mas Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, deixou bastante claro que não tem intenção nenhuma de seguir com os pedidos de impeachment. E não podemos nunca nos esquecer de que essa alternativa colocaria o general racista Hamilton Mourão (PRTB) no poder.

É por isso que é necessária uma saída unitária dos trabalhadores, do povo pobre, dos indígenas, das mulheres, dos negros e das LGBTQIA+ para a crise que os governos federal e estaduais, o Congresso e o STF descarregam nas nossas costas a serviço dos emrpesários e do agronegócio. E com essa unidade, exigir que os dirigentes sindicais, como da CUT e da CTB, centrais sindicais dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, saiam da paralisia e organizem um plano de luta urgente de todos os sindicatos e centrais sindicais, no caminho de uma greve geral. Só assim vamos impor demandas urgentes como um auxílio emergencial de ao menos um salário mínimo e a derrubada de todos os aumentos feitos na pandemia (luz, água, gás, gasolina e transporte), congelando os preços nos valores anteriores à crise sanitária. Mas precisamos lutar por uma saída de fundo para os problemas do país. Isso passa por colocar fora Bolsonaro e Mourão, mas combinado com uma luta emergencial contra o desemprego e os salários de miséria, como o reajuste salarial mensal igual à inflação e emprego com plenos direitos para todos.

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É necessário defender uma saída real, que se enfrente verdadeiramente com Bolsonaro, Mourão e todo o regime político, inclusive os atores da CPI. E essa saída só pode ser sem confiar também nos governadores do PT dos estados do nordeste, que realizam um laboratório para um possível governo Lula depois das eleições de 2022 para implementar os ataques necessários para garantir os lucros dos patrões. Exemplo disso é Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, que aprovou a Reforma da Previdência estadual, na calada da madrugada, em pleno auge da pandemia em 2020, e reabriu o comércio e igrejas, para beneficiar empresários e pastores. Ou o governo de Rui Costa (PT) na Bahia, que aprovou a Reforma da Previdência estadual reprimindo com sua polícia servidores públicos que se manifestavam, e promove ataques contra o Quilombo Quingoma, para beneficiar as imobiliárias.

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Através dessa unidade entre a classe trabalhadora e os setores oprimidos será possível batalhar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que coloque o povo para decidir os rumos do país, revogando todas as reformas implementadas, as heranças da ditadura militar, discutir uma reforma agrária radical, mudando todas as regras do jogo para impor um governo de trabalhadores que atenda aos interesses e necessidades da maioria e não de um punhado de setores e instituições que brigando entre si, fazem chacota de nossas vidas, nos reservando miséria, enquanto preservam e aumentam seus privilégios e aprovam todos os planos de ajuste que lhes convêm. Neste processo, os trabalhadores precisarão avançar em sua auto organização para lutar por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.




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